quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ah como eu queria...


"Naquele dia fazia um azul tão límpido, meu Deus, que eu me sentia perdoado pra sempre. Não sei de quê." (Mário Quintana)

Queria mesmo era poder respirar esse azul tão limpído que fez o céu de hoje. Trazer essa calmaria e pureza pra dentro de mim. Sentir-me perdoada. Eu sempre achei que devo mesmo ser perdoada, não sei de quê. É como se minha alma estivesse prestes a explodir, mas eu não soubesse o porque. E não sabendo o motivo não poderia fazer nada para impedir. A gente deveria nascer com um manual de instruções pendurado no pulso direito, sim, no direito, que é pra nascer com sorte. Sempre me dei mal por falar o que penso, depois me arrependo. Porque alguém sai machucado, ferido, chateado. Acho que devo começar a pedir perdão a Deus pelo meu excesso de sinceridade. Começar a medir minhas palavras... Eu sei que devemos usar as palavras de forma sábia, só preciso aprender. Os sinceros não têm lugar onde até os governantes são corruptos. Antes costumava seguir um tal conselho, aquele das borboletas... Que não devemos correr atrás delas, cuidar do tal do jardim. Confesso que desisti, por mais que eu cuide do meu jardim há tempos borboleta nenhuma passa por aqui. As flores estão lá, todas bem cuidadas, mas sem vida... Porque flor sem a beleza da borboleta voando em sua volta é incompleta. Uma completa a outra. As coisas se completam. Somos seres únicos, mas dependentes, por mais livres que possamos parecer. ‘Borboleta parece flor que o vento tirou pra dançar, flor parece a gente, pois somos sementes do que ainda virá’.
Eu tento acreditar, mas confesso que falta coragem. Corajosa nunca fui, mas as pessoas acham que sou. Ninguém conhece o outro de forma plena. Impossível, pois no decorrer dos dias vamos nos moldando, acrescentando e aperfeiçoando. Nem nós nos conhecemos, é uma eterna aprendizagem. Aos poucos vou tentando mudar o que ontem parecia ser imutável. Tentando colher a esperança que plantei no jardim. Ela demora a crescer depois de arrancada pela primeira vez. Precisamos tanto da Esperança. Somos pessoas em eterno desenvolvimento, assim como as borboletas. Ficamos no casulo por um bom tempo para só então ganhar autenticidade, voar! E nunca é o bastante, o voo sempre há de acabar antes da hora que julgamos ser certa. Mudanças... Carrego uma borboleta em mim, e sei que é das azuis! E enquanto tiver forças pra bater as asas do meu interior, hei de bater! Melhorar a cada dia, descobrir a beleza das coisas... Logo quando não tinha mais Sol e nem azul no céu, sentei num banquinho que coloquei no jardim pra contemplar as estrelas ou mesmo ler em noites quentes e uma borboleta pousou no meu ombro... Não era das azuis como eu queria, mas era verde... Esperança! Sorri de novo.

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